
Com o propósito de contribuir para as discussões durante os “Diálogos Amazônicos”, realizado entre 4 e 6 de agosto de 2023 em Belém (PA), a Aliança pela Restauração na Amazônia, em conjunto com as organizações parceiras Ecoporé, ISA (Instituto Socioambiental), TNC (The Nature Conservancy) e IMAZON (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), realizou a plenária auto-organizada “As contribuições da restauração para o desenvolvimento regional amazônico”.
Com o espaço ocupado em sua capacidade máxima, o evento contou com expressiva participação de agentes públicos e privados que atuam na cadeia de restauração, tanto na proposição e implantação de políticas públicas, como cientistas, agentes financiadores e restauradores.
Rodrigo Freire, secretário executivo da Aliança, mediou o evento, ilustrando a governança e destacando a importância do papel que vem sendo desempenhado pela rede na articulação e na produção de conhecimento. Segundo ele, a Aliança vem buscando sistematizar e divulgar boas práticas de restauração e a valorização da dimensão social, produtiva e econômica da restauração na Amazônia como elementos críticos para o sucesso das ações de recuperação e conservação dos ecossistemas da região. Ele destacou ainda os esforços de grupos de trabalho e membros da Aliança no mapeamento de oportunidades e monitoramento, dos quais destacou a divulgação de publicações como os Panoramas e caminhos para restauração de paisagens florestais na Amazônia e as Recomendações para o Monitoramento da Restauração na Amazônia.
Para ilustrar a capilaridade da rede e como ela se integra às iniciativas de base comunitária, foram destacadas as ações de quatro organizações da sociedade civil, que atuam principalmente na região do arco do desmatamento na promoção de impactos diretos no bem-estar. As apresentações destacaram aspectos da restauração no contexto da paisagem, da escala, econômico e as lições aprendidas com as famílias rurais.
Com o tema “Restaurando paisagens com agroflorestas e condução de regeneração natural na Amazônia”, a pesquisadora Andreia Pinto, compartilhou a experiência do Imazon nas comunidades rurais no Pará.
A estratégia para Restauração em escala com diversidade e impacto socioambiental positivo através das Redes de Sementes foi abordada por Daniella Celentano a partir da experiência do Redário, liderada pelo Instituto Socioambiental e que já reúne 28 coletivos de coletores e coletoras nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica com grande potencial de crescimento e geração de impacto, como foi apresentado no vídeo Restauração eficiente se faz com muvuca de gente.
A Restauração econômica como oportunidade social para a agricultura familiar no Pará foi abordada a partir da experiência da TNC Brasil com os projetos “Cacau Floresta” e o “Acelerador de Agroflorestas e Restauração“. Sabrina Ribeiro falou sobre a importância de aliar o fortalecimento de cadeias produtivas de baixo carbono para agricultores dos três territórios abrangidos pelas iniciativas: sudeste do Pará, região da rodovia Transamazônica e região do nordeste paraense.
A Ecoporé encerrou o ciclo de apresentações destacando os aprendizados de uma década de lições da agricultura familiar em Rondônia a partir do projeto Viveiro Cidadão, o qual contribui para adequação ambiental de propriedades rurais da agricultura familiar por meio da restauração ativa de mais de 500 hectares de áreas e implantação de mais de 275 sistemas agroalimentares diversificados especialmente com a participação de mulheres e jovens. Marcelo Ferronato destacou dentre as lições, a importância das redes e parcerias, em todos os níveis, as quais escalam a restauração, formam capital humano e aperfeiçoam os processos e infraestrutura,resultando, em uma década, no plantio de mais de 7,5 milhões de árvores por meio de 12 projetos na área de abrangência da Ecoporé.
Fabíola Zerbini, diretora do departamento de florestas do Ministério do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas, presente no evento, disse, ao final, que pretende contar com a Aliança nos processos de construção coletiva que vem sendo deflagrados pelo ministério e, assim, difundir o diálogo entre as diversas esferas de governança que, às vezes, estão nos espaços de tomada de decisão mais distantes dos territórios. Ele acredita que através dessas iniciativas será possível lastrear as decisões.
Tais ações têm potencial para promover segurança alimentar, aumentar a renda das comunidades, facilitar a adequação ambiental dos imóveis rurais e oferecer oportunidades para populações vulneráveis, incentivando o protagonismo e autonomia de mulheres e jovens em seus territórios.
Autoria: Marcelo Ferronato