Brasil pode gerar até 2,5 milhões de empregos se cumprir meta de restauração de ecossistemas

Brasil pode gerar até 2,5 milhões de empregos se cumprir meta de restauração de ecossistemas
setembro 5, 2022 Aliança Pela Restauração da Amazônia

Estudo inédito mostra que, se o Brasil cumprir a meta de restaurar 12 milhões de hectares até 2030, podem ser gerados de 1 milhão a 2,5 milhões de postos de trabalho diretos na cadeia da restauração de ecossistemas. A pesquisa revela que a restauração florestal ativa tem capacidade de gerar 42 empregos, a cada 100 hectares restaurados. Os dados foram divulgados pela revista britânica People and Nature, que publicou estudo realizado em 2020 com 356 instituições da cadeia da restauração distribuídas em 25 unidades da federação. O levantamento deu origem ao portal Vitrine da Restauração, disponível para acesso público no website da SOBRE.

A coordenadora do Conselho de Coordenação Estratégica da Aliança pela Restauração na Amazônia e pesquisadora do Imazon, Andreia Pinto, acrescenta que por tudo o que a Restauração dos Ecossistemas nos proporciona – mais empregos e renda, mais saúde para o ser humano e para o planeta, maior segurança hídrica e alimentar, equilíbrio climático, regularização ambiental e produtiva de imóveis rurais – ela é um componente essencial para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Organizações das Nações Unidas (ONU), que declarou o período de 2021 a 2030 como a Década da Restauração de Ecossistemas”.  

Apesar de o estudo mostrar que grande parte dos empregos são de caráter temporário e sazonal na cadeia de suprimentos de restauração, com trabalho concentrado em períodos de alta demanda, a diversificação das atividades de restauração que as organizações realizam pode ser uma estratégia para aumentar a permanência dos trabalhos. Isso incluiria, por exemplo, desde coleta de sementes, produção de mudas, manutenção e planejamento de projetos e monitoramento, atividades que exigem mão de obra durante todo o ano. Atualmente, 57,3% dos trabalhos em restauração são temporários.  

O estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica, Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, Aliança Pela Restauração na Amazônia e Coalizão Brasil, Clima, Floresta e Agricultura, com apoio da The Nature Conservancy Brasil e World Resources Institute Brasil, possibilitou ainda a elaboração de um Sumário para Políticas Públicas. O documento busca embasar iniciativas para ampliação da escala da restauração de ecossistemas no Brasil, evidenciando oportunidades que transformem a restauração em uma atividade econômica vibrante e consolidada, expressando seu potencial de gerar benefícios críticos para o bem-estar da população e para a natureza, durante a Década da Restauração de Ecossistemas da ONU.

O Sumário indica também que o número de empregos pode ser ainda maior do que o estimado inicialmente, pois a pesquisa são considerou os postos de trabalho atrelados à produção e beneficiamento de produtos madeireiros e não madeireiros (frutas, óleos, castanhas, etc.) provenientes de áreas em restauração; os gerados em áreas em que a restauração ocorre por meio da condução da regeneração natural; os associados aos serviços ecossistêmicos fornecidos; e os indiretos em geral (que podem dobrar o total de empregos).

A pesquisa conclui que para alcançar resultados como esses, será necessário um compromisso de financiamento superior a dois anos. “A garantia e disponibilização de recursos e investimentos de curto a longo prazo é fundamental para a estruturação e fortalecimento das cadeias e iniciativas de restauração nos diferentes territórios e biomas brasileiros. É necessário a combinação de recursos não reembolsáveis (como de instituições filantrópicas e fundos públicos) com recursos reembolsáveis (investimentos privados e linhas de crédito rural) para que empreendedores da restauração, assim como produtores rurais e comunidades locais possam aprimorar suas capacidades, infraestruturas e assim terem condições de proporcionar ações de restauração em maior escala de impacto”, afirma Rodrigo Freire, vice-gerente da estratégia de restauração da TNC (The Nature Conservancy) e atual secretário executivo da Aliança pela Restauração na Amazônia.